segunda-feira, 25 de outubro de 2010

bruxa

- [...] do jeito que eu sou tarada, com certeza teria sido queimada como bruxa.
- E eu seria o homem que iria atear o fogo...
A fração de segundo entre essa fala dele e a próxima foi para ela como uma freada de carro em alta velocidade. Sentiu com um terror absolutamente silencioso, que se esticava em um tempo infinito, que o homem a quem amava era em fato seu torturador e algoz.

-Fingiria te queimar mas fugiríamos juntos - ele continuou imediatamente.
Uma fugaz e quase imperceptível desconfiança se seguiu e deu lugar a outro sentimento. Toda aquela situação medonha parecia nunca ter acontecido, a iminência da punição do seu sexo de mulher que ele deixou claro poder inflingir foi esquecida por ela. Fugindo juntos, ele se tornava a única razão da liberdade do sexo dela.

Ela, bruxa porém, tudo via. Exatamente por isso sabia que o controle que ele queria ter sobre o sexo e a potência dela só se equiparava ao imenso desejo, muitas vezes frustrado, que ele tinha de ser livre junto à ela.




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